Durante o ano de 2020 o Museu da Paisagem editou a trilogia “Portugal 15-5-20”, reflexões sobre o país e a condição de viajante. Esta trilogia é composta por três viagens — Caminhar Oblíquo, Depoisa da Estrada e Viagem Maior — que estabelecem uma sequência entre si.

 
A primeira viagem, “Caminhar Oblíquo”, é talvez a mais coerente em termos de itinerário, mais vinculada a um conceito geográfico claro - o atravessamento de uma sucessão de cristas montanhosas que dividem o norte Atlântico do sul Mediterrânico.
“Depois da Estrada” é uma linha de norte a sul pelo Portugal dito «interior», tentando evitar a passagem por povoados de maior dimensão. Com a primeira viagem partilha este facto de procurar um certo vazio, mas aqui as condições foram muito diferentes uma vez que a viagem foi feita de automóvel.
O conceito da “Viagem Maior” é mais difícil de objetivar por palavras que não se relacionem com o desejo de percorrer um país inteiro. Mas o desenho desta viagem tem uma relação estrita com o anterior. “Depois da Estrada” desenha o eixo da “Viagem Maior”, de um país que se abre ao mar e de um outro que continua a ter pouca relação com Espanha e que se empobrece com o isolamento acentuado. O fim da última viagem, na Ponta da Erva, é o fim de um desenho mas, simultaneamente, o desejo de continuar. O Mar da Palha é já um oceano imaginário.
 
As linhas de viagem dos três itinerários percorridos, uma grafia, quão escrita, mostram-nos o recorte de um país inteiro, uma aproximação à representação do espaço português. Era esta realidade que procurávamos. Deixa de haver uma linha para nos ser devolvida a fronteira, os limites de uma cultura. Era esse o objetivo desta trilogia. Encontrar, em três viagens, um país que se pode observar de diferentes pontos de vista, que se complementam, que se entretecem.