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Sete rios, sete vales

A exposição Sete rios, sete vales sobrepõe o território da Serra da Estrela ao espaço urbano de Lisboa, criando uma coincidência dos seus vales que convoca na cidade a paisagem primordial da cadeia montanhosa. Para cada vale lisboeta é proposta uma série de sete desenhos de Jorge dos Reis, realizados na Serra da Estrela, cujo registo gráfico parte de duas abordagens diferentes: uma observação de proximidade em torno de conjuntos de rochas de composição granítica e uma observação das linhas gerais de relevo acidentado, dos planaltos e das escarpas que caracterizam os grandes desníveis deste território.
Os desenhos de Jorge dos Reis apresentam contornos marcados, quase grosseiros, aludindo ao carácter das rochas no terreno; zonas de tratamento da superfície com traços contínuos, sequenciais, rápidos, perpendiculares e repetitivos, convocando o perfil e a massa disforme da paisagem; acumulação de grafismos nos espaços mais densos e preenchidos de mancha granítica, maior leveza em zonas de textura contínua de flora e vegetação; nuances de cinza e preto para realizar uma síntese plena da paisagem, associados a traços sumários que permitiram selecionar os detalhes observados.
A projeção e captação em vídeo dos desenhos de paisagens dos sete vales glaciários da Serra da Estrela justapostos a fragmentos de lugares oriundos dos percursos hídricos lisboetas mais relevantes procuraram criar um espaço de imaginação no qual a tessitura das experiências singulares da serra e da cidade, do desenho e do vídeo, do gestual e da mediação tecnológica, interpelasse a perceção e o pensamento. Este espaço híbrido – no qual o distante vem habitar o próximo e os espectros iluminam as estruturas urbanas – faz aparecer os desenhos nas superfícies texturadas de uma Lisboa noturna e pulsátil. Do imenso longínquo ao que está tão próximo, é tudo uma questão de viajarmos na velocidade das sensações.

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Jorge dos Reis foi aprendiz compositor tipógrafo com um primeiro-oficial de tipografia da Imprensa Nacional numa antiga oficina tipográfica do Cais do Sodré. Iniciou o seu percurso projectual colaborando com o designer Robin Fior em Lisboa e com o tipógrafo Alan Kitching em Londres. Estabeleceu-se em atelier próprio em 1996. A sua obra é extensa e diversa, tendo uma atividade dual enquanto projetista e artista: faz design gráfico, tipográfico; expõe desenho, pintura. Frequentou o Conservatório Nacional na classe de canto de António Wagner estudando com os compositores Jorge Peixinho e Paulo Brandão enquanto se licenciava em Design de Comunicação na FBAUL. Jorge dos Reis é Master of Arts pelo Royal College of Art em Londres, Mestre em Sociologia da Comunicação pelo ISCTE, Doutorado pela Universidade de Lisboa. Atualmente é Professor Auxiliar na Faculdade de Belas-Artes UL onde fundou e dirige o Mestrado em Práticas Tipográficas e Editoriais Contemporâneas. Preside às Comissões de Avaliação Externa da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) e é membro dos painéis de avaliação para financiamento de projectos da Direcção Geral das Artes (DGArtes). Realizou projetos de design gráfico para diversas instituições em Portugal e no estrangeiro. É autor, no seu todo, de quase uma trintena de livros, debruçados sobre a prática do design gráfico, da tipografia, do book design, do desenho e também da pintura.

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Ficha técnica
Exposição Sete rios, sete vales:
Jorge dos Reis

Curadoria:
João Abreu
Margarida Carvalho

Texto:
Jorge dos Reis
Margarida Carvalho

Captação e edição vídeo:
Francisco Nave Almeida

Design Gráfico:
Mariana Vale

Programação:
Nuno Palma